Numa rotina normal, vejo os títulos dos vários jornais e selecciono o que me interessa e desejo ler.
Ontem houve uma notícia que se destacou: “O i tentou sobreviver um dia só com produtos portugueses“. O artigo foi escrito e vivido pelo jornalista do jornal i, Diogo Pombo. Uma notícia em estilo reportagem com mérito próprio pela mensagem que pretende passar: conseguiremos nós portugueses “sobreviver” um dia usando apenas produtos portugueses?
Confesso que a palavra sobreviver não é uma palavra feliz pois que só me vem à cabeça a ideia de sacrifício numa espécie de: “não sei se aguento 24 horas de produtos portugueses!”, mas por outro lado, o sobreviver pode trazer um outro sentido e que ainda ontem vivenciei numa ida ao Continente. Procurava eu cebolas portuguesas e nada… cebolas francesas, espanholas, peruanas, mas portuguesas nada. Acabei por não comprar cebolas no dito sítio e pedi o livro de reclamações por não perceber o porquê de não terem cebolas nacionais.
“Sobreviver” pode ser isto: onde andam os produtos nacionais? Certamente que somos um país que produz cebolas e coisas mais, mas porque é que não as vendemos? São mais caras? Não pois numa ida ao Mercado acabei por comprar cebolas nacionais mais baratas do que no dito sítio. Compramos o que temos à mão? Não conhecemos os nossos produtos?
Acho que poderia colocar aqui um vasto rol de perguntas, mas no fundo a coisa resume-se a algo tão simples quanto o que o Diogo Pombo escreve: “… as maçãs, espanholas e francesas, ou os alperces sul- africanos vincam os sinais de importação na bancada reservada aos frutos e vegetais, que tinha tanto de português como de estrangeiro. Cabe às pessoas optarem.”
Sim cabe a nós a opção, cabe a nós reclamar os nossos produtos que por vezes são mais baratos, cabe a nós ter um gesto simples para que possamos, num acto colectivo contribuir activamente para o crescimento do nosso país.
Não quero com isto dizer que devemos fechar-nos sobre nós próprios e comprar apenas e obrigatoriamente o que é português porque também desejamos que lá fora se compre português, da mesma forma que outros países desejam isso.
Ter cebolas francesas, peruanas e espanholas não me faz a menor confusão, mas não ter a opção das portuguesas, isso sim, já me deixa fora de mim.
Criemos essa opção!
(Texto e imagem: Raquel Félix/ Portugalize.Me)