Todos os dias podem ser bons

14 Outubro, 2013

Portugalize.Me_todos os dias podem ser bons

Os textos das últimas semanas sobre os episódios passados no autocarro têm-me feito pensar muito em como nós, na nossa esfera de influência, podemos transformar os “dias” em “dias bons” e a “selva urbana” em “aldeia”.

Há dias em que custa, é verdade. Outros há em que não custa nada, mas nada mesmo, dizer bom dia no autocarro ou elogiar a écharpe da passageira à nossa frente. Ou apanhar aquele copo de plástico do chão e colocá-lo no caixote.

Não vou mentir: não passo os dias a sorrir nem a meter conversa com quem cruza o meu caminho; muito menos a apanhar lixo do chão. Mas impus-me uma regra a mim própria: fazer algo pelo bem comum uma vez por dia.

Há dias mais inspirados, outros menos. Há dias em que ofereço ajuda para carregar as compras pesadas; outros em que apanho um lixo (não sujo, por favor) do chão e o coloco no caixote mais próximo. Mas há muito mais coisas que se podem fazer.

Fala-se que a solidariedade vem à superfície quando acontece uma tragédia, algo marcante, fracturante, que toque a vida de várias pessoas ao mesmo tempo. No dia 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque, as pessoas entreajudaram-se para se afastar da zona onde as torres gémeas ruíram. Hoje em dia, não se pode dizer que essa seja uma cidade particularmente solidária, pelo contrário.

Dando um exemplo meu, estive anos para me ir inscrever como dadora de medula óssea. Já estava convencida, mas havia sempre qualquer coisa mais importante para fazer… até que o filho de uma amiga adoeceu, e aí corri para o hospital.

Gostava que não fosse preciso haver uma tragédia para nos habituarmos a fazer algo pelo bem comum, não numa ocasião especial mas no quotidiano. Sabem aqueles filmes que contam grandes histórias de amor mas que nunca mostram o que aconteceu a seguir? Ou aquelas histórias que resumem os anos todos que se seguem com um “foram felizes para sempre”? É isso: é passarmos a agir solidariamente não durante o pico da história, enquanto decorre o filme, mas nos outros dias todos, nos dias normais, uns iguais aos outros, nos de chuva e nos de sol.

O que acham de criarmos aqui um pequeno desafio? Durante sete dias, fazemos um gesto, grande ou pequeno, para melhorar a vida das pessoas à nossa volta. Quem participa? E como?

(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)