O que sobra aqui é por vezes o que faz falta acolá e esta é uma formula que não se aplica apenas aos alimentos, ela é transversal a uma sociedade massivamente consumista, de excessos, de desperdício.
Não sou pessoa de deitar fora o que já não como ou o que deixei de usar. As sobras do jantar são para mim o desafio do almoço do dia seguinte e isto foi algo que me foi passado de “herança”. Vi muitas vezes a minha avó e a minha mãe beijarem o pão que por vezes caía ao chão e pedirem perdão ao “altíssimo” logo de seguida (qual pecado mortal).
Mas mais do que a típica conotação cristã que estas situações desencadeiam, porque desperdiçar é pecado ou coisa que valha, é o lado humano subjacente ao acto da partilha, da lembrança de que possa existir um outro perto de mim a precisar do que eu não como ou não uso, que deve ser tido em conta.
A Refood é um exemplo claro de como os excedentes alimentares podem ser canalizados para quem precisa, sem complicações, sem necessidade de grandes investimentos e com a ajuda de voluntários atentos e cuidadores. A missão deste projecto, nascido em Lisboa de 2010, é a de diminuir a fome em ambiente urbano ao dirigir refeições (sobras) directamente às pessoas que passam fome e que se encontram mais próximas das fontes de doações (restaurantes, particulares, supermercados, etc).
A Refood está a crescer e a ganhar projecção mundial mas para o projecto avançar, os elementos de todos os sectores das comunidades têm de se envolver. Se deseja fazer parte deste projecto contacte a Refood e veja como pode ajudar: info@re-food.org.
Afinal, o que faz falta é o que não nos faz falta.
(Imagens Refood, Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me)