A cidade de Viseu tem revelado uma força fora do vulgar. Digo isto por ser uma cidade que contraria o caminho comum de qualquer terra cravada no interior norte de Portugal, de qualquer paragem que se encontre longe da Capital (características que, aparentemente, empurram qualquer lugar para um caminho de desertificação e esquecimento).
O ser interior, o estar longe da terra prometida tem vindo a “ferir” de morte aldeias, vilas, cidades, pessoas. É uma herança pesada que paira na vida de muitos portugueses e que persiste como uma doença difícil de curar.
Viseu encontrou uma espécie de antídoto nas pessoas que acreditam que a terra prometida é ali, que isto de ser interior é sinal de riqueza e não de fechamento. Viseu mostra-se cada vez mais, faz barulho e faz-se ouvir, mesmo estando em Lisboa consigo ouvir Viseu falar.
O Portugal Encantado nasceu na cidade de Viseu e é uma dessas vozes, parte deste antídoto criado pelas gentes de lá. O “encanto” surgiu a partir do azulejo de um banco da Fonte de São Francisco na Avenida Emídio Navarro.
A arte da azulejaria está espalhada por Portugal e em Viseu alguém lhe redescobriu o encanto, alguém lhe viu um potencial diferente e transformou-a numa moda. As peças de azulejo são trabalhadas manualmente tornando-as únicas, pessoais, mais interiores como que saídas de uma caixa de Pandora aberta por mãos que acreditam que ali também se faz bem.
Viseu tem um Portugal Encantado para mostrar.
(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me/ Imagens: Portugal Encantado)