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As sextas feiras 13 estão condenadas ao azar, mesmo que nada aconteça nesse sentido, elas estão condenadas ao azar… diz o povo.

O povo? Qual povo? O meu povo diz coisas com outro sentido, coisas certas a partir das linhas tortas que fomos criando ao longo da história do nosso país. O meu povo vai encontrando novos rumos, significados, novas imagens, novos sons, alma nova para as coisas que outrora estavam paradas, condenadas aos azares do esquecimento ou às lembranças das fatídicas sextas feiras 13. O meu povo reinventa-se a partir de dentro. O meu povo trabalha-se a cada dia e faz de Portugal um sítio digno de tantas e diferentes tradições, de tantas e diferentes significações. Identidades!

O meu povo unifica-se e aproxima-se cada vez mais misturando novo com velho, velho com novo, respeitosamente, sem nunca se fundirem porque sabem apreciar-se de forma isolada. Conseguem dar-se à existência cada um por si, mas sabem que por si só são menores, por isso ampliam-se ao unirem forças.

Cantamos cada vez mais juntos. As nossas vozes estão mais sintonizadas e na passada sexta feira 13 de março, no CCB, as Vozes do Alentejo soltaram-se de amarras antigas ao surpreenderem com incursões por outros âmbitos musicais. Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de SerpaCelina da Piedade, Paulo RibeiroBernardo Espinho foram novos, foram velhos, foram ousados, conservadores, foram tudo. Foram amplos!

No fim do Cante, o povo saiu pelas porta do grande auditório do CCB a entoar modas Alentejanas. O concerto prolongou-se palco fora… são grandes as nossas heranças, são grandes!

Não somos apenas nós, os portugueses, a descobrir recantos ou os vários interiores de Portugal. Se as nossas vozes cantam e contam muito do que somos, os olhares de outros trazem uma magia especial às heranças, aos legados que quase apagávamos por causa das nossas linhas tortas, dos nossos azares de povo dito pobre.

Morgan Jouquand, um cineasta independente de Toulouse mergulhou Portugal adentro, num lés a lés que mostra mar, campo, água, terra, cidade, pessoas, vidas, o ar que respiramos, o nosso ar! Filmou Imersão…

Portugal é lindo!

(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me)