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Encontros

25 Fevereiro, 2013

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Estamos de volta à costa Pacífica desta República do Panamá, que nos acolheu durante três anos. Não por muito tempo: em pouco mais de uma semana estaremos definitivamente de partida, para a nossa próxima paragem.

No meio de todo o stresse da mudança, aliás, no meio do stresse da vida em geral, há dias em que acontecem coisas bonitas, especiais. Hoje foi um desses dias.

Quando nos mudámos para cá, travei amizade com uma das empregadas de limpeza do edifício, uma senhora franzina, muito simpática, Alejandra de seu nome. Quando nos cruzávamos, fosse no elevador – afinal, a subida ao 49º piso ainda dá tempo para conversar -,  fosse no átrio, ficávamos sempre um bocadinho à conversa. Deu-se também a coincidência de partilharmos o mês de aniversário e rirmo-nos com isso: claramente, Fevereiro era um excelente mês, cheio de aniversariantes fora de série.

Acontece que Alejandra se reformou quando eu estava de férias, e por isso nunca nos despedimos. Sabia que ela estava à espera da deliberação havia bastante tempo, e que já estava cansada de trabalhar. Estava cheia de vontade de estar com os netos, mas não havia meio de lhe deferirem o pedido. Quando voltei, não a vi e nunca mais soube dela.

Até hoje.

A logística das mudanças, aqui neste prédio, envolve também burocracia. Na administração, há que reservar o monta-cargas para os dias em questão e pagar essa reserva. Como a reserva tinha sido feita em Janeiro, optei por me certificar de que não havia nenhum lapso. Dirigi-me portanto à administração do edifício e confirmei que sim, que o monta-cargas estava reservado e que o devido pagamento tinha sido feito.

Ao folhear o livro de recibos, a senhora que me atendeu perguntou-me se eu era amiga de uma senhora que tinha trabalhado aqui no prédio, chamada Alejandra.

Era a filha.

Contou-me que a mãe perguntava sempre por mim, se nos tínhamos cruzado. Queria o meu contacto, mas não se lembrava exactamente em que piso vivia (não admira, são mais de cinquenta), e por isso, até ao momento, não me tinham conseguido encontrar. Mas hoje, a muito poucos dias de sair do prédio definitivamente, encontrou-me. Contou-me que a mãe estava bem, reformada, deliciada com os netos. E que seguramente me iria telefonar para se despedir.

Eu fiquei feliz, emocionada. Há momentos bonitos e emocionantes na vida, e este foi um deles.

(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)