No dia 22 de março, fui ao Mercado 31 de Janeiro, em Lisboa, pelas 10 horas da manhã para participar numa aula de culinária gratuita. “Cozinhar com cavala, o melhor do nosso mar” era o título do evento, conduzido pela Chef Patrícia Borges, da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar.
Quando me inscrevi através da Junta de Freguesia de Arroios, promotora do evento, e dado que era uma aula gratuita, imaginei que a assistência ficasse apenas a observar a confeção das receitas. Nada disso! A Docapesca chegou-se à frente e forneceu os peixes: umas senhoras cavalas – as verdadeiras cavalonas -, com cerca de dois quilos, que amanhámos, limpámos, cortámos em lombos.
A seguir, observámos e participámos na confeção de duas receitas – canapés de cavala em conserva sobre cama de pasta de azeitonas; e filetes de cavala com molho de limão e alcaparras com arroz carolino com leite de coco.
A cavala (conhecido em inglês como mackerel e em francês maquereau) é um peixe rico em óleos essenciais – como o omega 3 e o omega 6 -, vitaminas A, B, C, D e E, antioxidantes e minerais como o cálcio, o ferro, o magnésio, o fósforo e o potássio.
Para além de todos os benefícios que tem para a saúde, apregoa ainda outras importantes vantagens – é uma espécie abundante, que não está ameaçada de extinção (como outras que continuamos a comer), vive feliz nas águas portuguesas e é um peixe barato.
Cereja no topo do bolo – não tem escamas! O que torna o processo de amanhar o peixe muito mais fácil!
Na verdade, o equilíbrio da balança em termos de oferta e procura parece um pouco ridículo: as espécies que mais consumimos não se pescam nas nossas águas, portanto temos que as importar – sim, o bacalhau é um dos casos mais flagrantes! – e as espécies que existem em abundância no nosso mar, desprezamo-las ou exportamo-las, porque não temos poder de compra para as consumir.
O caso da cavala é interessante – fazia parte da nossa gastronomia, juntamente como a sardinha, mas a dado momento passou a ser considerado como “peixe de pobre” e fomos deixando de o consumir; está agora a voltar a ganhar popularidade, graças à revalorização das conservas (a cavala em conserva é um dos nossos melhores pitéus). De facto, como diz a jornalista Teresa Firmino no seu trabalho Temos o melhor peixe do mundo, mas conseguimos comprá-lo?:
“Não podermos produzir tudo, mas poderemos produzir algumas coisas muito bem. O objectivo será conseguirmos consumir cada vez mais o nosso bom peixe e marisco em vez da pescada barata que vem do outro lado do mundo.”
A aula de culinária foi um evento bem passado, em que até participou o ator Paulo Pires (as velhotas do mercado ficaram aos pulos!), e numa hora tinha aprendido algumas coisas novas, que me fizeram chegar a casa e confecionar esta entrada.
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Torricados com cavala em molho de azeitonas e limão
Ingredientes:
5 fatias de pão de abóbora com sementes
5 lombos de cavala
10 azeitonas verdes
Sumo de um limão grande
80 ml de vinho branco
2 colheres de sopa de farinha de milho
Sal
Pimenta
Azeite
Temperar os lombos de cavala com sal e pimenta. Deixar repousar 30 minutos.
Colocar a farinha de milho num prato e passar os lombos, cobrindo completamente o peixe com a farinha.
Aquecer um fundo generoso de azeite numa frigideira pequena. Quando o azeite estiver bem quente, colocar os lombos e deixar dourar de um lado. Quando virar os lombos, acrescentar as azeitonas picadas e o sumo do limão.
Deixar dourar do outro lado. Voltar a virar uma vez de cada lado, retirar – a cavala coze muito rápido, todo o processo dura cerca de 6 minutos – e deixar escorrer sobre papel absorvente.
Entretanto, juntar à frigideira o vinho branco e deixar reduzir em fogo médio-alto, mexendo de vez em quando. Quando o líquido tiver reduzido para metade, retirar do lume e pincelar as fatias de pão com este molho.
Colocar um lombo de cavala em cima de cada fatia de pão; por cima, verter uma colher de sopa de molho, procurando apanhar as azeitonas.
(Texto, Receita e Imagem: Ana/ Cozinhar Sem Lactose – Parceira do Portugalize.Me)