Uma semana depois do anúncio das nomeações para os Óscares (para as quais seria sempre um milagre haver um português, dada a fraca produção por cá), eis que só agora me apercebi que houve pelo menos um português envolvido numa das equipas que está entre os muitos nomeados deste ano.
Como é típico dos Óscares, apenas os chefes de departamento aparecem na lista de nomeados, no caso do Production Design, que em tempos foi Art Direction, normalmente há dois nomeados, o art director (que agora é chamado de designer) e o set decorator (que é quem embeleza os cenários de um filme).
Foi nesta equipa do (excelente) “Grand Budapest Hotel”, do ‘mestre’ Wes Anderson, que trabalhou com a Afterwall, a empresa do português Gonçalo Jordão, neste caso, sob as ordens da nomeada Anna Pinnock (indicada ao lado de Adam Stockhausen).
Desculpem o uso das categorias em inglês, mas acho que fica mais correcto. Muitas das nossas traduções são muitas vezes mais próximas do teatro do que o cinema. Se isto fica estranho num blogue sobre portugalidade? Não creio. Acho até que é uma coisa bem portuguesa chamar as coisas pelo nome.
Voltemos à Afterwall, que é uma empresa especializada em pinturas decorativas e de facto, se fizermos um Google, é como pintor decorativo que o seu nome aparece. Já na equipa técnica do filme de Wes Anderson, aparece como muralist. O português trabalhou sobretudo as pinturas dos murais com paisagens da Bavaria.
“Grand Budapest Hotel” tem nove nomeações para os prémios da Academia deste ano e é, a par de “Birdman”, o grande nomeado do ano.
Agora vão revê-lo ou vê-lo.
(Texto: Rita Tristany Barregão/ Imagens: Gonçalo Jordão)