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Leio: “Portugal é o terceiro país que mais acelera startups na Europa. Em 2014, foram desenvolvidas 123 novas empresas em programas de aceleração portugueses. (…) Apesar de Portugal ser o terceiro país a acelerar mais empresas, não consta sequer no top 10 do país que mais investe.” (Observador – 7/05/2015)

A beleza inata de Portugal por vezes não basta e, por mais encantados que possamos andar com as novidades e os novos ritmos que o país tem vindo a demostrar, o orgulho estampado no rosto desmancha-se quando nos apercebemos que nem sempre sabemos para onde aceleramos. Nem sempre nos sabemos certos do rumo ou da viagem.

Sim, Portugal é tão belo, encantado, rico mas também tão pobre, desanimador, perdido, desperdiçado e, mesmo existindo uma força extra humana na malha da nossa sociedade, que nos faz sonhar e nos faz querer ser uma espécie de super-heróis, desperdiçamos, empobrecemos, desanimamos perante ele.

Portugal tem tudo mas não tem nada! Portugal avança mas, não encontra os passos certos… são (P)assos errados, tortos, enviesados, que servem estatísticas míopes e tão pequenas, pequeninas, direi mesmo de nicho (Portugal acelera, cria sonhos, desenha-os, lança-os mas, não os faz crescer, não investe neles, não os alimenta).

E o que é que nos faz ficar? Uma espécie de persistência rude, esperançada e animada por aqueles que à nossa volta vão acreditando que ainda temos alguma coisa para dar? E quem não tenta? Quem não faz por tentar?

Abrem-se as portas de uma casa e fazem-se entrar os amigos. Mostra-se o que se tem para dar, uma ideia, um conceito, um negócio. Ouve-se atento, fala-se de peito aberto, sem vergonha, porque a esperança é mesmo última a morrer para quem sente que ainda tem algum sonho para revelar, para quem deseja mudar de vida e dar-se ao prazer de ter mais do que um mero trabalho (mal pago ou mal reconhecido). Dá-se uma festa e começa-se uma nova vida.

Sonhamos e aceleramo-nos uns aos outros por contágio como uma corrente que não pára e que não deve parar, porque Portugal tem gente de sangue na guelra que não baixa os braços, que não se senta queda e muda a ouvir discursos de propaganda barata. Passemos a palavra da inquietude, do inconformismo, da crença em algo melhor, da autonomia e, mesmo que ninguém invista em nós, invistamos uns nos outros. Não deixemos de nos contagiar e atiremos sangue para as guelras uns dos outros, quantas vezes forem precisas e, por mais errados que os passos possam estar, teremos sempre a possibilidade do nosso próprio caminhar. 

Aceleremos-nos para ficar, reunamos os amigos para lhes dar a novidade de que a vida vai mudar. Queremos ficar aqui?

Eu quero ficar!

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(Texto e imagens: Raquel Félix – Portugalize.Me)