Oiço muitas vezes que Portugal precisa de negócios de grande dimensão, daqueles que empregam 200, 300, 1000 pessoas. Qual é o país em crise que não precisa, certo? Mas terá mesmo de ser assim? Pergunto isto porque as vozes que se levantam neste sentido deixam no ar um tom por vezes pouco razoável relativamente ao que em parte é o tecido laboral português. Ou seja, a via do emprego nem sempre passa por apostar num negócio de grande dimensão.
Portugal tem na sua “dimensão” o pequeno negócio, a média empresa, o familiar, o pessoal e não olho para esta aposta como algo menor, menos desenvolvido, muito pelo contrário e a meu ver, a aposta neste tipo de negócios deveria ser mais apoiada e ampliada. A dimensão de um negócio não se mede apenas pelo emprego directo que gera, por questões de volume que salta à vista, um pequeno negócio pode ser uma via de emprego indirecto para muita gente.
A Picotado, Design & Crafts, é uma loja colaborativa que ajuda a ampliar o conceito de pequeno negócio procurando representar e divulgar os melhores projectos nacionais na área dos Crafts, Design de Produto, Joalharia e Ilustração. Como espaço de apresentação, a loja contém várias infraestruturas (prateleiras, armários e mesas) disponíveis para serem alugados ou consignados, pelos responsáveis dos projcetos das diversas áreas por um preço acessível.
Quando um pequeno projecto começa a ganhar visibilidade, a dimensão do mesmo amplia-se tocando em várias frentes (designers, fornecedores, artesãos… todos os envolvidos no processo de elaboração de uma peça, por mais pequena que seja, são parte de um todo e contam para a dita “dimensão” – que é mais do que uma mera soma de números).
Portugal deve ter um pouco de tudo, deve perceber que a coexistência entre vários tipos de emprego é factor de sucesso e não de pequenez. Um trabalho quando bem bem conseguido, oleado tem sucesso não pela dimensão mas pela qualidade e, neste aspecto, temos muitos exemplos de pequenas empresas ou de negócios pessoais com cartas na mesa pata mostrar!
Qua a ilusão da “dimensão” não destrua parte daquilo que também nos caracteriza.
(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me/ Imagens: Picotado)