Os Óscares passaram, da mesma forma que as “estrelas” o fizeram pela passadeira vermelha (não entendo o “fru fru” à volta de um bocado de alcatifa monocromática… se fosse uma tapeçaria de Arraiolos, eu entenderia). Avancemos porque não vos quero falar propriamente dos Óscares mas, de salas de cinema.
Comecemos pelo cinema Monumental em Lisboa. Pois bem, antes do novo Monumental, já existia o velho Monumental. O velho foi demolido em 1984, o novo está a ser remodelado. Uma das muito poucas salas de cinema de Lisboa onde a pipoca estava interdita (ainda temos o Nimas, o Ideal e a Cinemateca), estará fechada até ao final de 2020 e duvido que consigam manter a dita interdita na futura nova versão do velho novo Monumental.
Sinais do tempos, chamemos-lhe assim.
Vamos a outras salas e afins. Lembram-se do Quarteto? Do cinema Londres? E do King Triplex? Do King Card ou do Medeia Card? Tudo fechado ou perdido. As icónicas salas de cinema fecharam portas e os cartões que nos faziam sair de casa uma a duas vezes por semana, passaram a fazer parte da colecção de memórias numa gaveta cá de casa.
O cinema mudou. As salas são outras… as de casa. Os ecrãs mudaram. Agora temos os PCs, os Macs ou os reduzidos smartphones. Toda a dimensão e dinâmica de visualização de um filme mudou. Deixámos de ver os cachaços e as fartas cabeleiras dos vizinhos da fila da frente. Deixámos de “rezar” para que as pessoas mais altas não ocupassem os lugares da frente. Deixámos de combinar com aqueles que nos são mais queridos, a ida ao cinema. Deixámos as opinativas conversas sobre os filmes acabados de ver. Deixámos o silêncio fruto da ausência de palavras porque a história ficou-nos com elas. Deixámos as salas de cinema…
Voltemos aos Óscares, apesar do que vos escrevo não ser bem sobre os Óscares… até é, porque alguns dos filmes nomeados para esta edição só podem ser vistos no nosso país através de plataformas de streaming (com tudo o que isto possa significar para as salas de cinema).
Posto isto, vou dar uma vista de olhos ao Cinecartaz e escolher um filme para ver algures, numa sala de cinema.
Texto e imagens: Raquel Félix – Portugalize.Me