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Os Moonspell estão neste momento em digressão na América do Norte. Se isto para a maior parte das bandas portuguesas seria uma muito bem vinda novidade, para os metaleiros portugueses é o dia-a-dia.

Não é por acaso que a banda de Fernando Ribeiro leva a bandeira do mais internacional grupo português. Claro que ajuda terem um som muito próprio, algo próximo do black metal gótico, dentro do já por si nicho do metal. Mas o que fez realmente a diferença no caso dos Moonspell, foi trabalho duro e ambição. «Hoje, o que não podemos fazer é viver paralisados com o medo de fazer coisas», disse Fernando Ribeiro por altura do lançamento do último disco em 2012, uma edição dupla lançada em plena crise.

Em 1993, só com uma demo na bagagem, os Moonspell assinaram logo com a editora francesa Adipocere, mais tarde chegaria o contrato com a Century Media e uma digressão por terras europeias. Estavam abertas as portas internacionais e o grupo não desperdiçou. Lançaram discos quase de ano em ano, começando pelo “Wolfheart” de 1995, ao qual se seguiu “Irreligious” de 1996, de onde saiu o ‘Opium’, tema que ajudou a trazer algum reconhecimento ao grupo dentro de portas. Ironicamente outra vez. No limiar do ano 2000, os metaleiros já tinham público fiel tanto em Portugal como lá fora, apesar de terem alienado alguns fãs mais ortodoxos com discos como “The Butterfly Effect” ou o electrónico “The Antidote”.

Apesar das ligações internacionais, houve sempre a recusa de viver lá fora, como conta Ribeiro na fotobiografia “Moonspell XX – 20 Anos”. «Eu lembro-me que ainda vivia em casa dos meus pais e já vendia 80 mil discos só na Alemanha. O dinheiro tinha de ir para algum lado», conta Ribeiro.  Muitas das digressões dos metaleiros implicaram um investimento pessoal que teve o seu retorno. Por isso, agora quando o grupo anuncia uma digressão por terras norte-americanas há gente de Pittsburgh ou de Los Angeles a queixar-se no Facebook que a tournée não passa pelas suas cidades.

Por isso, no concerto de antologia no Campo Pequeno, em Lisboa, há uns aninhos, havia fãs que vieram da Argentina, do Chile, da Colômbia, da Roménia e até dos Estados Unidos para ver os Moonspell na sua cidade.

Por isso, os Moonspell irritam muita gente por cá porque o seu som não é metal ortodoxo ou porque usam cartolas, ou porque se vestem de lobos ou de vampiros, mas são a única banda portuguesa que já embarcou no conceituado cruzeiro metaleiro 70000 Tons of Metal e foram o primeiro grupo rockeiro português a actuar na China (em Novembro do ano passado).

Há outros artistas, sobretudo fadistas, com uma agenda internacional tão saudável como os Moonspell claro. E muitos argumentarão que estes sim levam a língua lusa além fronteiras. Mas afinal não somos todos portugueses?

(Texto: Rita Tristany Barregão)