O frio chegou em força. O tempo dos calções, do sol e das caminhadas de brisa leve hibernou. Para o ano há mais… é como se diz, numa espécie de apelo paciente… para o ano haverá certamente mais. Durante a espera, instalamo-nos no quente acolhedor dos lugares e das nossas pessoas, dos casacos, da lã das camisolas, do pêlo interior felpudo das botas de cano alto. Abrigamo-nos em guarda-chuvas, gorros e luvas, nos materiais de inverno.
Ao inverno o que é de inverno.
Não é bem assim. O Filipe Cardigos e o Sérgio Gameiro mostraram-nos que não. A plataforma criada por estes dois designers portugueses, a wetheknot, veio mexer com este paradigma. Os materiais, apesar de poderem ser sazonais, não lhes são exclusivos e podem ganhar vida nova noutras estações do ano.
A primeira marca a nascer no seio da plataforma foi a WET, uma colecção limitada de calções de banho para homem feitos a partir de guarda-chuvas partidos e abandonados. É uma imagem de marca, pelo menos de Lisboa, ver durante o inverno guarda-chuvas torcidos pelo vento, origamis de arame e tela espalhados pela cidade.
Agora, de cada vez que olhar para um guarda-chuva partido, pensarei na wetheknot, imaginarei um produto novo a nascer dali, irei buscá-lo, falarei com o Filipe e o Sérgio para lhes dizer que tenho um pouco de verão para lhes dar.
A chuva vai chegar em força… se vir um guarda-chuva por ai, fale com o Filipe e com o Sérgio, nunca se sabe, mas os seus próximos calções de banho podem estar ali.
(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me/ Imagem: wetheknot)