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Esta semana, a actriz/realizadora/cantora Maria de Medeiros lançou um novo disco chamado “Pássaros Eternos”.

Este é o terceiro disco de Medeiros, ela que recai para o jazz com facilidade, com a sua voz doce quase falada. Os outros são “A Little More Blue” de 2007 e “Penínsulas & Continentes” de 2010. Maria, que está radicada há anos em França sem que ninguém faça grande alarido disso, veio a Portugal para fazer a promoção do disco. A última vez que a artista andou por cá com mais visibilidade foi para promover o filme de Sérgio Tréfaut “Viagem a Portugal”, em 2011, mas desde aí, diz o IMDB, Medeiros participou em oito projectos como actriz e num como argumentista e realizadora.

Na ronda de entrevistas sobre “Pássaros Eternos”, Medeiros falou com esta que vos escreve e eu perguntei se achava que se aproximava mais do público português com a música do que com o cinema. O que não deixa de ser curioso. Com um sorriso de quem foi apanhada em contrapé, Medeiros concorda imediatamente mas não se compromete: «isso é porque na música há excelentes colaboradores em Portugal, que estão dispostos a difundir o meu trabalho». E mostra-se esperançosa: «não é o caso com o cinema. Há muitas coisas que faço no cinema que faço com o maior gosto e que gostaria de apresentar ao público português mas que acabam por nunca chegar. Mas enfim, estão lá, algum dia chegarão».

Mesmo assim, apesar de ser editada por uma major (a Universal Music) em Portugal, “Pássaros Eternos” tem sido apresentado ao vivo lá fora e só foi interpretado uma única vez por cá (e num concerto na Madeira). E não há qualquer data marcada até agora.

Um dos projectos que Maria teve em mãos recentemente, e dos quais nos chegam novas devido a estas entrevistas (ainda bem), é o documentário “Repare Bem”, que foi encomendado à cineasta pela Comissão de Amnistia no Brasil. Esta comissão foi criada para ser um ‘pedido de desculpas’ oficial do governo brasileiro às vítimas da ditadura militar brasileira. O filme de Medeiros foca-se na família de Eduardo Leite, que foi morto durante este período. «Desta família só sobreviveram a mãe e a filha. O documentário conta a história de sobrevivência, luta e também de transmissão e amor entre a mãe e a filha. Hoje recebem essa ajuda do estado brasileiro, coisas como a própria identidade. Viveram anos sem um passaporte, sem um documento de identificação certo. Hoje em dia já o têm. «É o reencontro com um Brasil que as acolhe com carinho», diz Medeiros. A actriz e realizadora estreou também no ano passado no Brasil, uma peça chamada ‘Aos Nossos Filhos’, que é baseado num texto de Laura Castro, ela própria uma mulher de armas que lutou contra a ditadura e teve de viver exilada fora daquele país.

Medeiros, que pegou atabalhoadamente num dos momentos históricos mais importantes em Portugal no filme “Capitães de Abril”, está a fazer um trabalho importante para a herança social e cultural no Brasil. Esperemos que um dia a artista o faça também no seu país.

(Texto: Rita Tristany Barregão)