A sétima arte tem perdido terreno, lugares, gentes… pelo menos tem sido assim em Lisboa… perdeu o Condes, perdeu o Eden, perdeu o Capitólio, perdeu o Quarteto, perdeu o Europa, perdeu o Avis, perdeu o Alvalade, perdeu os Alfa, perdeu o Mundial, perdeu o Castil, perdeu o Paris, perdeu o Cine Estúdio 222, perdeu o Estúdio 444, perdeu o Império e, mais recentemente, perdeu as icónicas salas Londres e King Triplex (já vendidas a sabe-se lá quem…), perdeu… perdeu… perdeu…
Diz-se da perda que é necessária, para que um certo processo de transformação se instale, para que o novo surja e possa dar lugar a outras coisas… compreensível este lugar, compreensível e sim, necessário… no entanto, e no que toca ao cinema, a perda tem-se instalado como lugar de extinção e de acção sobre o que se adivinha ser a desertificação de uma forma de se ver cinema.
Um cinema sem pipocas, sem blockbusters, sem risinhos tolos, nem guinchos que quebram a atenção e a ligação ao que se está a ver, ou seja, sem necessidade de grandes artefactos onde apenas espectador, tela e filme convivem numa harmonia perfeita, onde apenas isto e só isto é o mote da coisa em si.
Renasce em boa altura o Cinema Ideal (antigo Salão Ideal – 1904 – primeiro espaço em Portugal dedicado em exclusivo ao espectáculo cinematográfico) que irá assumir um papel cultural crucial na cidade de Lisboa.
Produções portuguesas e de índole independente serão as felizes privilegiadas deste pequeno cinema, outrora Paraíso e agora, novamente Ideal!
Em Setembro, lá estaremos!
(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me/ Imagens: Cinema Ideal)