Esta semana circulou pela internet um artigo publicado no New York Times, escrito pelo jornalista Frank Bruni, intitulado “How I fell for Lisbon“. Conta o autor que se apaixonou por Lisboa de forma arrebatada e inesperada, não pela impressionante lista de monumentos e museus famosos de que a cidade dispõe (e dispõe de alguns, só não tão conhecidos no estrangeiro como outros noutras cidades europeias) mas sim pela sua atmosfera, pelos detalhes do dia-a-dia que a fazem única e especial, pelas pessoas.
Quando li este artigo, senti um calorzinho especial no meu coração – saudades, claro, mas orgulho também. Senti também que estou totalmente de acordo com o que diz o autor: são as ruas calcetadas, não para imitar outra cidade glamorosa mas sim porque assim se faz em Lisboa; são as ruas íngremes que contam histórias de outros tempos; é a roupa no estendal (sabiam que em muitos lugares dos Estados Unidos é proibido secar a roupa na corda, à janela?); é a comida deliciosa na tasca da esquina e o comércio tradicional.
Enfim, são todas essas coisas que se tornam normais para quem vive e as vê todos os dias em Lisboa e muito extraordinárias para quem vive fora do país e lhes sente a falta.
Viajar dá-nos uma perspectiva diferente do que é nosso; viver no estrangeiro faz-nos sentir essa falta na pele. Ler o que dizem os estrangeiros sobre nós é uma alegria e também uma preciosa terapia de validação para curar o nosso crónico complexo de inferioridade.
Acho que vamos no bom caminho: para quê copiar maneirismos, se o que consideramos normal afinal é único e especial?
(Texto: Ana Isabel Ramos)