De cada vez que passo a ponte Lisboa surge, num esplendor, numa luz, em texturas que me levam o olhar. Eu olho, e olho para poder reter mais e mais. Olho até queimar a retina e penso: “Lisboa emociona-me, Lisboa acalma-me e inquieta-me, Lisboa é intensa, com tanto para ver e sentir.”
Mesmo em Lisboa, sinto saudades de Lisboa. São os pormenores, os recantos, o que já vi e o que ainda está por ver. Planeio: “amanhã vou ali, depois acolá”. Preciso de rever Lisboa, mesmo estando em Lisboa.
Quando vi pela primeira vez as ilustrações do Tiago f Moura, percebi pela expressão da sua arte que Lisboa “pede” para ser ilustrada. Há sempre um personagem principal nas ilustrações do Tiago, cada cenário faz sobressair um, seja o Aqueduto, o Castelo, a Sé.
Lisboa deseja ser representada, ela é uma vasta interpretação, é uma espécie de obra de Shakespeare encenada de mil e uma maneiras.
O Tiago f Moura encenou Lisboa assim.
(Imagens: Tiago f Moura; Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me)