No Panamá, a época de Natal anuncia o fim do ano lectivo, marca o início das férias grandes e coincide com o fim da estação das chuvas. Enquanto que em Portugal esta festa marca o início do Inverno, aqui marca a alegria dos meses de ócio até ao reinício das aulas, já avançado o mês de Março.
Neste país tropical entre dois oceanos plantado, não há frio nem neve que alimentem o imaginário da época festiva, mas isso não é problema: nos centros comerciais criam-se pistas de patinagem no gelo, com filas sem fim. Nas ruas, vêem-se decorações alusivas às festas, que convivem pacificamente com as menorás judias que marcam o Hanukkah, festival das luzes. Na Cinta Costera, a marginal da cidade, montam-se presépios gigantes e árvores de Natal que competem em altura, patrocinadas por diferentes empresas. O kitsch não tem fim, nestes dias de festa tropical, e o Panamá aprecia.
No sector gastronómico, na mesa de Natal não faltam pratos que contam a história da mistura de culturas deste país. Desde os tropicais arroz com coco e guandú – um tipo de feijão, e o arroz de frango, até às receitas de inspiração mista, como a rosca de Natal (um pão-bolo com recheio de maçãs e nozes, ingredientes que aqui não predominam) ou o rum-ponche, inspirado no eggnog americano, a mesa de Natal quer-se farta, para dar para a família, vizinhos e quem visite no dia. E nisto vemos as nossas raízes comuns, já que para nós, portugueses, quer-se casa cheia de gente a conviver à volta da mesa.
As canções de Natal também têm ritmos tropicais, de dança salsada, e são acompanhadas de muita festa, alegria e rum. E depois vem a efémera estação seca, com os seus dias de céu azul, menos calor e poucas nuvens no céu. Na minha opinião, a melhor altura para se estar no Panamá.
(Texto e Foto: Ana Isabel Ramos)