Todos sabemos que os salários estão a ser cortados. No meu caso, os orçamentos dos clientes são cada vez mais baixos, e os trabalhos que pedem cada vez mais complexos. Se é frustrante? É, sim, e muito. Às vezes penso que é quase tão frustrante para mim, que recebo menos e trabalho mais, quanto o é para o cliente, que também não pode pagar mais. Certo, esta observação não se estende a todos os clientes do mundo, que também os há maus por essa vinha do senhor; mas os bons clientes tentam chegar a um acordo que seja menos mau para todos, e esse esforço deve ser apreciado.
Enfim, a situação é esta, e não outra, e perante isto não temos muitas opções. Podemos escolher queixar-nos, o que, na minha opinião, não traz nada de bom, nem de produtivo.
Mas há alternativas. E se, em vez de me pagarem mais dinheiro, me puderem compensar de outras formas? Esta modalidade, a de procurar outras alternativas, é bem mais produtiva que a queixinha, e cada um saberá que outro tipo de compensação lhe é pertinente e conveniente. No meu caso, interessa-me encaminhar o máximo de visitas para o meu site e aumentar o número de assinantes da minha newsletter. Por isso, tento negociar com os clientes formas de assinar os trabalhos, com hyperlink sempre que possível. Podem pensar que este é um dado adquirido, mas desenganem-se: é preciso pedir!
Uma vez aceites as condições por ambas as partes, chegamos à parte em que começamos o trabalho. E aqui só me resta uma opção possível, porque a alternativa não me serve: a de me divertir o mais possível com cada um dos projectos. É certo que o trabalho por vezes é chato, mas por que não desfrutar do processo? Por isso, em vez de encarar cada novo projecto como uma alta e íngreme montanha que tenho de escalar, duramente, para depois a enviar ao cliente e a ver esquartejada e esfrangalhada, prefiro pôr um dos meus podcasts favoritos, entrar na “zona” e divertir-me a fazer cada projecto como se fosse uma experiência única e irrepetível.
Este esquema nem sempre funciona em pleno, mas que ajuda, ajuda. E a verdade é que a vida é mais fácil com um sorriso na cara que com o sobrolho franzido. E não é por franzirmos a testa que a vida muda, não é verdade? Já um sorriso opera qualquer coisa no nosso cérebro, e nos cérebros de quem connosco se cruza, e os dias tornam-se mais prazerosos. Apesar de tudo.
(Texto: Ana Isabel Ramos/ Imagem: Raquel Félix – Portugalize.Me)