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Começa assim o descritivo de uma viagem onde o silêncio não é sinónimo da ausência de sons. Pela estreita estrada, encontramos os sons da natureza, a mais antiga e natural sinfonia da vida que, segundo o músico americano Bernie Krause, especialista em sons da natureza e detentor de um arquivo de sons muitos deles já extintos, corre o risco de se perder.

Paramos o carro, desligamos o motor e ficamos ali, a ser observados pelos habitantes de um pequeno vale gelado pelo inverno. Ouvimos em silêncio o silêncio. A narrativa da terra.

Procuramos o Colmeal. Lugar que pertenceu aos Álvares Cabral os pais do explorador Pedro Álvares Cabral.

Parte do lugar está em ruínas, outra parte viu nascer o Colmeal Countryside Hotel, um hotel rural camuflado pela paisagem xistosa da antiga aldeia.

Somos recebidos por um cão que nos olha (a natureza sempre a olhar para nós). Não vemos mais viva alma. O hotel parece fechado. Olhamos ao redor. Um grupo de quatro pessoas sai do hotel. Perguntamos se podemos entrar, tomar um café, conhecer. Amavelmente somos levados num rápido tour pelo edifício (o hotel está fechado e em preparativos para a passagem de ano).

“Os materiais são das beiras”, diz-nos o nosso anfitrião. O burel e a cortiça preenchem os diferentes espaços do hotel do Colmeal, quartos, sala de estar, restaurante, corredores… materiais que nos mostram a sua eficácia contra o frio rude da serra.

Se o silêncio tem forma, o Colmeal é a expressão disso. Lugar onde os sons da natureza convivem de forma apaziguadora com os sons feitos pelo homem.

Eis o lugar ideal para nos ligarmos a um mundo diferente.

Texto e imagens: Raquel Félix – Portugalize.me