O brincar conjuga-se em todas as idades e durante largos anos, a família Penela, fez parte dessa conjugação. Os brinquedos em chapa e madeira fizeram as delícias de muitas crianças e nos dias de hoje, fazem as delícias de muitos adultos. O propósito é outro, coleccionar, preservar, resgatar tempo (as normas europeias de segurança impediram que muitos desses produtos pudessem continuar a ser comercializados como brinquedos, sendo actualmente bastante apreciados como peças de colecção).
A fábrica de brinquedos Pepe/ Jato ainda anda nas mãos da família Penela, lá para os lados do Porto em Alfena. Fazer brinquedos já não dá muito dinheiro mas, mesmo assim, procuram preservar a herança que circula pela família, como uma jóia preciosa que passa de mão em mão.
Para que a fábrica possa continuar a produzir tambores, os martelos de São João, as célebres pão de forma e os tão conhecidos táxis pretos e verdes portugueses, a empresa procurou rentabilidade noutros negócios (os brinquedos representam apenas 10% do volume de negócio da empresa).
A alma do negócio está demasiado presa aos brinquedos e a empresa não a quer perder. O esforço, o sacrifício e o investimento (há moldes de brinquedos que chegam a custar 15 mil euros) são enormes mas, mais do que fazer dinheiro (a empresa é suficientemente sustentável e rentável), há um imenso amor, um respeito pela história e uma noção muito clara de como tudo começou e, tudo isto, não se deita fora “do pé para a mão”.
A fábrica Pepe/ Jato é mais do que uma fábrica, é uma família “às direitas” com um enorme coração.
(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me)