A cidade das Caldas é Rainha da cerâmica.
Loiça que é loiça tem um berço, e das Caldas da Rainha nascem talentos que a trabalham com o dom de quem parece não precisar de grande esforço. O ar da terra coloca o barro nas mãos dos que ali nascem, dos que ali crescem, dos que ali se formam (a Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha – ESAD é exemplo disso e sabe parir talentos como ninguém!).
A ligação à cerâmica é forte, secular, é sangue, é essência. Parece coisa inata!
Margarida Gorgulho “tece” texturas, superfícies que reconhecemos de imediato a olho nu, apesar do ar pálido e imaculado de cada peça. Fieis reproduções de um limão, de uma romã, de um melão, de uma meloa. Frutos surpresa que se revelam quando divididos. Aqui, as metades fazem realmente um todo.
Cada peça quando aberta transforma-se num vidrado colorido, intenso e com dupla função. Entre o utilitário e o decorativo, as peças, quando abertas, são duas taças isoladas, quando fechadas, duas caixas para guardar surpresas, assim nos faz crer a Margarida. A rugosidade dá lugar ao toque liso da porcelana, material de eleição de Margarida Gorgulho (material delicado, resistente, translúcido e impermeável).
Margarida e o dom de transformar em arte a simplicidade da natureza.
(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me/ Imagens: Margarida Gorgulho)