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Volto ao assunto festivais esta semana porque está prestes a começar a época deles, com o arranque do Rock In Rio Lisboa no domingo, 25 de Maio.

A maior parte dos cartazes deste ano estão praticamente fechados e já vai dando para fazer avaliações finais quanto à presença portuguesa.

Começo por falar numa tendência que parecia engraçada até que comparei as datas e agora acho sobretudo um grande desperdício de dias do ano. Há de facto, cada vez mais festivais exclusivos de música portuguesa, com vários dias de cartaz e campismo e essas coisas todas. Este ano aparece, por exemplo, na Costa da Caparica O Sol da Caparica, que promete levar 60 artistas à cidade da margem sul em Agosto. Dos quase 20 nomes confirmados, apenas um é um estrangeiro que fala português, Gabriel O Pensador.

Lá para cima, é ano de Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, perto de Tomar. O festival que acontece de dois em dois anos leva mais de 30 mil pessoas à pequena localidade de mil habitantes apenas com música portuguesa. E ainda há o Fusing Culture Experience da Figueira da Foz, que tem nome estrangeiro mas é totalmente nacional.

No cartaz destes três festivais, vemos por exemplo, a rapper do norte Capicua. A Ana, que é o nome de nascença da Capicua, vai literalmente andar a correr quilómetros de um lado para o outro porque estes três festivais acontecem os três precisamente nos mesmos dias. Entre 14 e 17 de Agosto. E a eles, junta-se o Rock no Sado, de Setúbal, que começa no dia 15.

Ora, isto não dá qualquer hipótese às audiências de migrarem de um festival para o outro, reduzindo o espectro do público, a multidões locais ou que já tenham criado alguma relação com o festival – o Bons Sons por exemplo, que é o mais antigo e é o mais característico de todos. Eu sei que é o Meu Querido Mês de Agosto, mas não seria melhor espaçar as datas de festivais com características semelhantes? Vá lá que Paredes de Coura este ano é ligeiramente mais tarde do que é costume (entre 20 e 22 de Agosto), se não também se juntava ao magote. Já agora, neste há Linda Martini, Fast Eddie Nelson e Sensible Soccers a representar as cores nacionais por agora.

Quanto aos cartazes dos outros grandes, o Super Bock Super Rock e o Rock In Rio continuam a ser os que mais atenção dão aos portugueses. Neste último, apenas um dos cinco dias de cartaz não tem um português a actuar no palco principal. É um bom exemplo dos brasileiros por cá, mesmo que os nomes sejam repetidos (Xutos, Rui Veloso, Aurea, por aí). Já o SBSR, tem um palco dedicado em exclusivo à música portuguesa, mas este ano só alberga um concerto com músicos portugueses, o tributo de Zé Pedro e amigos a Lou Reed, no palco principal (19 de Julho). Vendo bem, o Optimus Alive, até está melhor nisto, porque tem no mesmo dia o regresso dos Vicious Five e os Buraka Som Sistema no palco principal (11 de Julho). O MEO Sudoeste ainda não divulgou o cartaz por palcos, mas já lá vemos o Miguel Araújo e 5-30.

O NOS Primavera Sound nunca primou pelo uso do sangue local. Este ano, tocam lá os You Can’t Win, Charlie Brown. Mas não há nada a apontar a estes senhores, que têm levado os PAUS lá para fora e que levaram Legendary Tigerman para actuar nas duas pequenas edições brasileiras do festival, que estão precisamente a acontecer agora.

Bem, haja música e sol, que isso ainda vamos tendo. 

rock in rio dia 3 jun_05

(Texto: Rita Tristany Barregão para Portugalize.Me)