Existem formas de expressão facilmente associadas a uma idade. Os artesãos, por exemplo, pairam no nosso imaginário como uma espécie de avós eternos congelados no tempo pelas nossas concepções de vida. Os grafiters serão para nós os “forever young, rebels rebels” de mochila às costas, cheias de latas de spray e em fuga constante.
Esquecemo-nos no entanto que, os mais velhos já foram mais novos e os mais novos serão mais velhos. Um artesão começou jovem e o grafiter continuará a alimentar as paredes da sua cidade com o passar do tempo.
A idade tem a particularidade de, por vezes, nos fechar em pequenas gavetas seladas, de nos esconder por trás de portas perras de difícil acesso mas, ela não é coisa rígida em si, ela é movimento, processo. O artesão será sempre um artesão, tenha ele 20, 30 ou 60 anos. Um grafiter será sempre um grafiter tenha ele 20, 30 ou 60 anos.
O LATA 65, ideia da Lara Seixo Rodrigues e do Fernando Mendes, nasceu para abrir gavetas e olear portas. A organização de workshops de arte urbana para idosos foi a forma encontrada pela Lara e pelo Fernando de reunir este grupo de menos jovens, de lhes pôr latas de spray na mão e de lhes mostrar que, as novas formas de arte, técnicas ou expressões também são para eles. Fazer da idade um número e não uma condição de vida é um dos objectivos da LATA 65.
O Projecto LATA 65 tem tido uma enorme projecção, não só a nível nacional, mas acima de tudo internacional (o Brasil tem feito um buzz muito interessante do LATA 65). Foi um dos projectos vencedores do Orçamento Participativo da CML em 2013 tendo já várias acções programadas para este ano.
O LATA 65 vai continuar por aí, vai bater-lhe à porta, vai pôr-lhe uma lata na mão, vai ensinar-lhe coisas novas, as tais ditas coisas de jovens mas, você vai aprender, não importa a idade que tem porque, como diz a Sra. Maria Luísa: “Nunca tinha pintado uma parede e foi preciso ter esta idade para perceber que até gosto. – Entrevista à Revista Cais)”
(Texto: Raquel Félix/ Portugalize.Me/ Imagens e vídeo: LATA 65)