Na semana passada contei-vos da nossa visita a Conímbriga, no início das nossas férias. Hoje, já no fim, conto-vos que seguimos para o Porto, depois Guimarães, Douro, Foz Côa e Beira Interior. Para mim, um dos elemento essenciais a umas férias bem passadas é a boa gastronomia: quer estejamos a falar de um restaurante sofisticado, quer seja um tasco de beira de estrada, gosto que a comida seja boa, saborosa, bem confeccionada.
Mas nestas férias por Portugal descobri algo mais que contribuiu fortemente para uma experiência tão boa. Pensem que há muitos anos que não viajava pelo nosso país e que, por isso, me desabituei ao trato caloroso – e, ainda assim, profissional – que recebemos.
Gostei do que vi por onde andei: povoações mais abertas e preparadas para o turismo e qualidade e profissionais muito competentes e bem treinados. Mas há algo mais a destacar na conduta de muitos destes profissionais: a paixão pelo que fazem.
A senhora do Museu Municipal Amadeo de Sousa Cardoso, em Amarante, que esteve comigo a falar sobre a obra de Paula Rego. Sem erudições desnecessárias, mas muitas vezes associadas ao discurso da crítica de arte, esta senhora falou-me dos sentimentos que a obra da artista despertam nela, indicou-me as obras inéditas e apontou-me aquelas que pertencem a colecções particulares, razão pela qual raramente são expostas.
O nosso guia na visita às gravuras rupestres de Foz Côa não só sabia – e muito! – sobre o tema, mas via-se que os olhos lhe brilhavam com cada explicação, cada pergunta a que respondia. O mesmo presenciámos no Museu Judaico de Belmonte, onde a guia não só dominava o conhecimento teórico como o relacionava com os usos e costumes da sua comunidade da forma mais rápida e natural.
E que dizer da nossa anfitriã na pousada de Almeida? Com uma simpatia imensa, e sem nunca ser invasiva, recomendou pratos, falou-nos dos filhos e netos e contou-nos da estadia de um casal famoso, uns anos antes, que ali no hotel puderam ter uma noite de anonimato.
As nossas férias foram boas pela beleza de todos os lugares que visitámos; foram óptimas pela comida deliciosa que provámos, tanto em estabelecimentos requintados como restaurantes de beira de estrada; mas o que as fez realmente excelentes foram a simpatia, profissionalismo e paixão das várias pessoas com quem nos cruzámos.
Fiquei muito contente por ver como o interior de Portugal, uma zona que continua a ser especialmente castigada por pressões económicas, demográficas e sociais, se está a reinventar para mostrar ao país e ao mundo o melhor de si, recebendo calorosa e profissionalmente os visitantes que quiserem vir descobrir os muitos encantos da zona.
Não me importava nada que as férias continuassem mais uns dias…
(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)