Quem não tem um Querido Mês de Agosto no coração?! É inevitável não relembrarmos a forma como Dino Meira imortalizou musicalmente a época dos bailaricos, do regresso do emigrante e tão bem retratada por Miguel Gomes n’Aquele Querido Mês de Agosto. E está lá tudo! As bandas de nomes pseudo chiques, os cartazes cacofónicos cheios de patrocínios a martelo, os mordomos, os enfeites, as procissões, os emigrantes, as Santas e Santinhos, a comida, a bebida, os compadres, as comadres, a quermesse, o jogo do prego, as rifas, os matraquilhos, … uma riqueza de perder de vista!
E é no meio desta algazarra que se marcam reencontros (uns de meses, outros de anos). Famílias espalhadas pelo mundo reúnem-se no calor da festa (uns vêm da França, outros do Canadá, EUA, Suíça, Luxemburgo, África do Sul, Brasil…) e por mais portuguesa que possa ser a festa, esta mistura-se com outras tantas culturas… e a música da Banda “Noia” ilustra bem as nacionalidades, as modas e as vontades das gentes vindas de tantos lugares!
O recinto da festa torna-se sem dúvida no lugar mais privilegiado! “Olá primo… Olá prima… atão tia, o tio não vem ao bailarico? E o Ti Xico?… Olha… aquela também é minha prima…” E todos são família, todos são sangue… todos se conhecem (até os desconhecidos passam a conhecidos porque isso não interessa nada mesmo que peçam coisas que por ali não fazem sentido: “Queria um gim… aqui não há gins, só mines ou imperial!”). E de repente estamos todos a falar, a beber uns copos, a petiscar, a bailar.
Posto isto, peço-vos que Deixem o Pimba em Paz, pelo menos por breves instantes para que lhe possam dar uma oportunidade, que esta coisa de termos pimba, bailaricos e um Querido Mês de Agosto é naturalmente mais português e requintado do que o pseudo gourmês!
(Texto e imagens: Raquel Félix – Portugalize.Me)