Estas duas semanas estive em Lisboa. Entre aniversários, papeladas e demais agendas de emigrante de passagem pela sua cidade, os dias voaram. Só nestes quinze dias tivemos três festas de anos, uma delas minha.
A festa de anos de hoje levou-nos para uma zona da cidade que não dominamos – e cuja filosofia de numeração desconhecemos completamente. Quando lá vou sozinha, acedo sempre pelo mesmo caminho, e depois passo uma bela meia hora de um lado para o outro à procura das referências dadas. Desta feita, fomos para a zona da Expo pensando que tínhamos de evitar totalmente tudo o que fosse auto-estradas, e que assim estaríamos bem.
Mas não. Algo aconteceu, apanhámos a saída errada e foi ver-nos a fazer turismo por aí fora: ele foi Prior Velho, Segunda Circular, e todos os caminhos foram dar aonde não queria. Fomos fazer inversão de marcha a Alcochete.
E aí sentimos que estamos fora há realmente muito tempo.
Nas nossas estadias, habitualmente de três anos, passamos os primeiros meses a procurar caminhos, em modo tentativa e erro. No Panamá, onde as tabuletas de indicações escasseiam mais que água no deserto, descobrimos muitos caminhos – para outras coisas, claro – por acaso.
Aqui… aqui foi um acontecimento curioso, este de nos perdermos totalmente. Apesar de ser a minha cidade, Lisboa já não é minha há alguns anos. E as saudades apertam.
(Texto: Ana Isabel Ramos)