A vida dos habitantes da aldeia de Portela, perto de Bragança, guarda ritmos muito particulares. A aldeia acorda com o nascer do sol e adormece com o pôr do mesmo. A vida faz-se na rua, nos campos cultivados, no forno, na capoeira. É tudo tão próximo e pequeno, tão proximamente bom… todos se conhecem, todos se falam, por ali não há estranhos, nem mesmo os que ali chegam todos os dias para aprender com os mestres da terra.
Dezenas de crianças largadas ao “deus-dará” correm, saltam, caiem, gritam, olham, inspiram e aprendem. “Não Inês, os ovos não são fabricados em supermercados, são as galinhas que os põem e elas moram aqui, no galinheiro da D. Maria Adelina.“… “Todas??!! E elas cabem aqui??!!“… “Nem todas Inês. Algumas moram aqui, outras acolá…“
“E o pão? Quem sabe como se faz o pão?”… “São os transformers poderosos que o fazem, na terra dos braços mecânicos.“… “Óh Tomás! O transformer cá da terra chama-se D. Maria do Rosário, um doce de pessoa que amassa o pão com a força dos seus braços mas sem ajuda mecânica!.” “Ah! Ela tem tanta força!”
E da admiração do Tomás nasce a curiosidade da Luísa, do Pedro, da Joana, do Miguel, da Catarina, da Ana, do Francisco… e o dia é feito de perguntas, descobertas, procuras. Os mestres ensinam, respondem e mostram o que fazem diariamente para que a aldeia de Portela continue, dia após dia a viver um ritmo herdado por gerações, um ritmo de saberes específicos, daqueles que os livros não ensinam.
A Aldeia Pedagógica de Portela é um projecto de carácter social e intergeracional, criado pela Azimute e premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
(Texto: Raquel Félix – Portugalize.Me/ Imagens: Aldeia Pedagógica de Portela)