Nas últimas semanas ficámos a conhecer a programação de dois festivais importantes no panorama nacional, o IndieLisboa e o FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa.
Saltou-me logo à vista o número escasso de produções portuguesas nas longas metragens de ficção. No IndieLisboa, que tem inclusivé uma secção dedicada a longas portuguesas, estão neste momento apenas quatro filmes e todos eles documentários: “O Novo Testamento de Jesus Cristo”, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, “Alentejo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut, “Revolução Industrial”, de Tiago Hespanha e Frederico Lobo e “Tales of Blindness” de Cláudia Alves.
No FESTIn, há duas produções nacionais na competição de longas de ficção: “O Espinho da Rosa” de Filipe Henriques, que é uma co-produção entre Portugal e a Guiné-Buissau; e “Pecado Fatal” de Luís Diogo.
No ano passado, passaram pelo IndieLisboa 48 produções nacionais entre curtas e longas (38 curtas e 10 longas, entre ficção e documentário). Este ano, aumenta o número de curtas para 40, sim, mas muitas delas (pelo menos 7) são co-produções com países como os EUA, França, Reino Unido e Alemanha.
Curiosamente, diz a Lusa, o Indie Lisboa tem mais orçamento este ano do que nos outros anos. Do lado da produção, agora é que a coisa está a começar a dar mostras da falta de financiamento estadual. Claro que olhando para o número de co-produções talvez seja de concluir que o futuro (ou a sobrevivência) do cinema português tem de passar pela procura de financiamento estrangeiro.
Gente do privado abram os olhos, porque temos algo perto da extinção mesmo à frente.
E depois, e eu sou fã de música, vou olhar para os orçamentos e o dinheiro gasto em cachets para trazer cá os Arctic Monkeys tipo todos os anos, ou repetir cabeças-de-cartaz de dois em dois anos nos principais festivais e fico triste… Alguém se lembra que no ano passado um dos filmes mais vistos nas nossas salas de cinema cada vez mais vazias era falado ‘mais ou menos’ em português e protagonizado por portugueses?
Estamos preso numa Gaiola sim, mas não é nada Dourada. É ferrugenta e escura.
(Texto: Rita Tristany Barregão)