Criatividade

26 Agosto, 2013

Portugalize.Me_Ana Isabel Ramos
Ontem fui ver o filme “Jobs”, que retrata parte da vida de Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, marca de que sou cliente e cujos produtos adoro. Pelo que conta o filme e conta quem com ele lidou, Jobs não era pessoa de convívio fácil, sendo muitas vezes irascível e absolutamente impiedoso nos negócios. Mas era absolutamente genial ao ver nos problemas um potencial que mais ninguém via. Um génio criativo que se rodeou de uma equipa que possibilitou que os seus sonhos se materializassem e fossem conhecidos no mundo inteiro.

Isso fez-me pensar numa ideia pré-concebida – e na minha opinião completamente errada – de que a criatividade é coisa que só algumas pessoas têm, nomeadamente as ligadas às artes, ao design e talvez às letras.

Fico perplexa de cada vez que alguém me diz não ser criativo. Constato, com apreensão, que chegámos a um ponto em que se faz equivaler a criatividade a um determinado talento inato para a execução (nas artes plásticas, na música ou nas letras), e esquecemo-nos que está muitíssimo a montante.

A criatividade está para as artes plásticas assim como o computador está para a impressora: o “talento para as artes” é só uma forma de expressão da criatividade, não a criatividade em si.

Na minha família há bastantes médicos e advogados. Quando vejo os médicos a darem voltas à cabeça para despistar doenças, juntar sintomas e tentar uma abordagem diferente a um mesmo problema – aí vejo criatividade. Os advogados da minha família são peritos em argumentação: vejo neles muita criatividade ao encontrarem pontos de vista que nunca me tinham passado pela cabeça, ao relacionarem detalhes aparentemente desconexos numa linha de raciocínio coerente.

Vejo criatividade nas mães que educam os filhos e lidam com os momentos mais difíceis com graça e elegância, distraindo-os; quando encontram formas de distrair os filhos e fazê-los esquecer a birra que aí vinha, eu vejo criatividade.

Na verdade, eu vejo criatividade sempre que é preciso resolver um problema de uma forma nova. Quando se puxa pela cabeça para juntar as peças de maneira diferente, quando se encontra uma forma nova de superar um obstáculo.

É certo que os artistas plásticos são criativos: também eles estão constantemente a resolver problemas conceptuais, de composição, de equilíbrio. Mas não são os únicos.

Gostava de saber qual a vossa opinião acerca da criatividade e de saber de que forma foram criativos hoje?

(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)