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Fazer do nada uma vila, para de uma vila se conseguir fazer uma sede de concelho e, daí adiante, sonhar com o impossível, fazer uma nova capital para Portugal.

Nada sabia sobre esta terra perdida no concelho de Azambuja, Manique do Intendente. O nome apenas o associava ao Largo de Pina Manique, ali no Intendente em Lisboa. Os nomes passam tão despercebidos. Dizêmo-los tantas vezes sem pensar sobre o que poderão realmente significar. Por vezes acabamos por descobrir histórias surpreendentes, coisas inimagináveis como o sonho do Intendente-Geral da Polícia, Diogo Inácio de Pina Manique, construir de raíz uma cidade inteira, uma nova capital para o seu país.

Tudo começou quando a rainha D. Maria I concebe a Pina Manique as terras da antiga povoação de Alcoentrinho como forma de agradecimento pelos serviços prestados. Assim nasce Manique do Intendente, no ano de 1791.

Quem por ali passa encontra um palácio em ruínas (a Igreja Palácio) de construção neoclássica que começou a ser construído em finais do Século XVIII. Nunca foi terminado, tal como o sonho megalómano do seu sonhador.

Diogo Inácio de Pina Manique pretendia fazer de Manique do Intendente uma majestosa cidade planificada de cunho neoclássico, exemplo do despotismo esclarecido, que se tornaria sede de concelho e até, talvez no futuro, capital de Portugal.

Surpreendente?! É caso para se dizer: “Não fazia a mínima ideia!”. E pergunto-me directamente, quantas mais histórias me terão passado ao lado por não ter perdido o tempo necessário nos nomes, por não ter questionado mais a origem e o significado das coisas?

Pina Manique é, agora, mais do que um mero nome de um largo de Lisboa.

Portugal faz-se de histórias.

Texto e fotografias: Raquel Félix – Portugalize-Me