Se levarmos em consideração o dizer popular de que “o Natal é quando o Homem quiser”, a ordem cronológica dos eventos deixa de fazer sentido e, desta forma, o Natal bem pode ser hoje, amanhã, todos os dias.
Confesso-vos… o Natal voltou a bater-me à porta há um par de dias atrás! Veio em forma de prenda perdida, ou antes, de prenda que ficou a mais. Um sobrante, um excedente, um sobejante. Procurava eu não sei bem o quê, quando olhei para o embrulho d’A Vida Portuguesa.
Tinha um nome escrito a caneta de feltro bem no cantinho, em letras muito pequenas, não fosse o embrulho cair em mãos alheias. Pelos vistos não caiu nas mãos de ninguém.
Uma prenda esquecida? Não, prenda repetida que o Natal também tem destas coisas. Compramos algo a pensar em alguém quando no final das contas já tinhamos comprado outras duas coisas diferentes. Vemos várias prendas que são a cara chapada da pessoa que vamos presentear. A cara chapada das coisas! E é desta forma que nascem as prendas perdidas de um Natal já passado e que se quer fazer presente.
Desembrulhei a prenda, abri a caixa, cheirei-a e comi um biscoito de vinho de porto da Casa de Juste. Saboreei eu, assim, a “cara chapada” de um alguém com um particular gosto por este tipo de vinho.
Voltei a tirar outro biscoito, e depois outro, e outro, outro… voltei a fechar a caixa surpresa e agradeci surpreendida este momento natalício, inesperado e saboroso!
E no fim, não sobrou nenhum biscoito para contar a história…
(Texto e imagens: Raquel Félix – Portugalize.Me)