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O clima e o tempo

3 Setembro, 2012

 

(Aqui chove)

Com a chegada de Setembro, vive-se em Portugal o início do ano escolar, o regresso das férias. Diz-se de novo olá à rotina.

Em Portugal, cada mês está marcado por um acontecimento, um feriado ou alguma festividade. As estações do ano, cada uma com três meses, marcam bem a passagem do tempo. Os dias mais curtos e os dias mais compridos; as folhas a despontar nos ramos, a crescerem e a mudarem de cor. Em três meses, em Portugal – como noutros países em latitudes mais altas que esta onde me encontro -, muita coisa muda.

Uma das particularidades desta vida perto do Equador é a existência de apenas duas estações, a seca e a húmida. A seca vai de Janeiro a Março; a húmida ocupa o resto do ano.

Por isso, enquanto em Portugal se celebra a chegada da Primavera, aqui vamos temendo – e também desejando – a chegada das chuvas. Quando aí cheira a sardinha assada e a manjerico, aqui chove. Durante o Verão com esse céu azul imenso, aqui chove. Chega Setembro e o regresso às aulas aí por essas bandas e aqui, como já imaginam, chove.

O único acontecimento que perturba um pouco a rotina é a chegada do mês de Novembro: em apenas duas semanas, concentram-se praticamente todos os feriados nacionais deste país. Celebram-se independências várias, de Espanha e da Colômbia; chamam-lhes as Festas Pátrias e anunciam, de forma prematura e oficiosa, o fim do ano e a chegada do “Verão”. Mas até ao fim de Dezembro, caríssimos leitores, chove.

Por esta ausência dos habituais sinais exteriores o tempo aqui passa sem que dê conta. Olho pela janela e tanto pode ser Abril como Outubro: as nuvens estão carregadas e prometem que, se ainda não choveu, vai chover.

Vivamos então o regresso à rotina e às aulas com a sensação de estrear algo novo, um caderno em branco que pode, quem sabe, vir a conter um futuro brilhante.

(Texto e imagem: Ana Isabel Ramos)