Verão é sinónimo de praia. Em Agosto, ainda mais. Para quem vive perto do mar, esta necessidade é uma inevitabilidade (qual íman, qual ferro). Este ano, ir a banhos tem contornos, precauções, exigências de diferentes níveis: de higiene, segurança, de distância, de paciência.
“Quero ir ao mar“… transformas a ida à praia num exercício de observação onde basta o olhar, apenas o horizonte, não exiges mais. A banhoca, o creme, a bola de Berlim, a toalha ficam a aguardar dias mais tranquilos e descontraídos.
Não fui longe. Fiquei por ali. Pelo Passeio Marítimo de Algés. Não foi viagem programada. Apenas queria ver o mar, ou parte dele, o seu início (parte rio, parte mar – parte doce, parte salgado).
Atravessei toda a extensão do recinto que dá vida ao Nos Alive (cancelado este ano) e surpreendi-me! Uma praia improvisada, onde famílias munidas de cadeiras, lancheiras e bóias acampavam como se estivessem num paraíso qualquer. Nem o facto da água ser imprópria para banhos impedia os mais novos de gritar, à medida que se aproximavam: “PRAIAAAAA!”
As praias do desenrascanso, são pequenos paraísos urbanos. Dá para desanuviar. Dá para descansar. Dá para brincar. As praias do desenrascanso são praias disfarçadas e sabem criar, muito bem, a ilusão de praia mas…
… não têm bandeira azul, são sujas, não têm infraestrutura de praia. Paris criou praias urbanas e não tem mar, Berlim criou praias urbanas e não tem mar, Lisboa finge não ter praias urbanas, apesar de ter mar.
As praias do desenrascanso são boas mas, seriam muito melhores se fossem praias de verdade. Continuemos a desenrascar.
Texto: Raquel Félix